8° Bienal do Mercosul ,
Vitrine Casa M
Porto Alegre – RS – 2011
A Casa M, foi um dos projetos-chave da 8ª Bienal do Mercosul. Um espaço cultural dedicado à promoção, ao desenvolvimento e ao intercâmbio artístico a nível regional, nacional e internacional, com ênfase no estímulo à cena artística local. Pensada para expandir a Bienal no tempo, a Casa M ofereceu atividades de diferentes linguagens, mesclando artes visuais, literatura, cinema, música, dança e teatro, entre outras expressões e áreas do conhecimento.
*http://www.forumpermanente.org/
Dos lugares que nos conformam
Fernanda Albuquerque
Fios, lâminas, serras, ioiôs, pesos, varetas, grampos e outros objetos comuns e materiais de ferro velho compõem as instalações de Rogério Severo. Sob a forma de redes ou circuitos, elas criam desenhos no ar em resposta ao espaço onde são construídas. É ele que orienta a distribuição das peças, ainda que as composições pareçam se manter em aberto, como se pudessem ter seus vetores e linhas de força reconfigurados a qualquer instante. A sugestão de movimento é dada pelo jogo entre compressão e distensão, tensão e equilíbrio. E também pelo modo como o artista revela, no próprio trabalho, as operações que o constituem: as amarras, flexões, pesos, contrapesos, trações, fixações, etc. «O que está à mostra não é um projeto acabado, e, sim, possibilidades, fragmentos, intenções», explica Severo. O improviso, a capacidade de adaptação e a atenção ao que requerem espaço e materiais são aspectos centrais no processo criativo do artista, como também é o caso na instalação desenvolvida para a Casa M. Aqui, o lugar a que o trabalho responde é definido não tanto pelas paredes ao redor, mas pelo retângulo de vidro que desconcerta a fachada e revela o interior da morada a quem transita pela Fernando Machado. A mesma vitrine que no início do século passado seduzia os passantes com uma variedade de chapéus é agora usada para despertar outro tipo de interesse, desejo, curiosidade. Apesar da simplicidade de procedimentos e materiais, as obras de Rogério Severo não se filiam a uma «estética da gambiarra». Falam, antes, de uma espécie de inteligência dos objetos. Do modo como eles conformam nossos espaços e da possibilidade que guardam de se reinventarem. Ou de reinventarem os lugares que nos conformam.