Convite à Viagem

RUMOS ITAÚ

Itaú Cultural – São Paulo – SP – 2012

Convite à Viagem

Rumos Artes Visuais 2011/2013. Esta mostra apresentou o que se produz nas artes visuais do país inteiro. Esteve em cartaz em 2012 na cidade de São Paulo passando por outras quatro cidades.

O curador geral da exposição foi Agnaldo Farias. Foram selecionadas 108 obras dos 45 artistas escolhidos, entre 1770 projetos.

Tensão e equilíbrio sustentam no ar as instalações de Rogério Severo. Com uma série de objetos ordinários, fios, lâminas, serras, pesos, o artista desenha no espaço um volume completo e orgânico. Não há projeto que guie essas formas, elas surgem do improviso e da atenção devotada às peças e aos locais que as abrigam. Esse jogo reordena o uso desses elementos fazendo com que todos tenham a mesma importância, pois estão articulados para um fim comum.

Gabriela Motta – 2012

Making of do processo de montagem da exposição Convite à Viagem – Rumos Artes Visuais 2011-2013, no Itaú Cultural, em São Paulo.

Produção: Oficina TV
Vídeo disponível no canal Itaú Cultural – YouTube

Linha de mão

O desenho que busco não é estanque, é flexível podendo ser apagado e refeito a qualquer momento, basta reorganizar as peças, recolher e estender as linhas. Ao manipular estes pequenos objetos e linhas, ao invés de papel e lápis, encontro a liberdade de prescindir de um suporte definitivo e do comprometimento com uma afirmação final de trabalho. Intencionalmente, deixo à mostra as possibilidades de reconstrução, a percepção do frágil e do efêmero, é como desnudar o processo e os diversos caminhos percorridos. O que está à mostra não é um projeto acabado, e sim possibilidades, fragmentos de desenho, “intenções”.

Ao caminhar o olhar por entre as peças percebo o aspecto dinâmico do trabalho. É como revisitar o objeto (desenho) em uma espécie de convivência uma troca de informações com o espaço.

Todos os objetos podem ser retirados e transportados, mudam de lugar, e isto nos remete à idéia de passagem. Em outras palavras, o que quero enfatizar é a liberdade que esta maneira de desenhar me proporciona, pois é possível habitar sobre uma grande gama de superfícies, tanto horizontais quanto verticais, sem que estas percam as suas características originais. Após a retirada do trabalho a superfície permanecerá intacta.            

            Aqui me refiro ao lugar, de forma geral, como uma porção de espaço qualquer ou um ponto imaginário numa coordenada espacial, percebida e definida pelo homem através de seus sentidos.

            Estes lugares são encontrados no meio do emaranhado de fios ou apenas indicados por pequenos objetos. Os fios e as lâminas de aço indicam a existência de pontos neutros ou nulos, pontos que se encontram em equilíbrio a partir das linhas tencionadas. 

            Montar estas estruturas, tanto no plano como no espaço, me proporcionam a sensação de estar ao mesmo tempo manipulando o projeto e a obra. É como construir desenhando sem a interferência do papel. 

            Valho-me do improviso, das tentativas e das adaptações sugeridas pelo próprio espaço, sem a necessidade da interferência de um projeto anterior. Utilizo os mais diferentes objetos, todos de alguma forma pré-selecionados ou construídos com a intenção de valorizar o potencial de conjugação entre eles, e por sua vez com o espaço expositivo.

            Tudo para mim transita entre o micro e o macro, o todo e o especifico.  È unindo as partes que construo grandes estruturas e, separando ou fragmentando, que procuro o detalhe ou o “imperceptível”.

            Considero como espaço exterior aquele que de maneira geral mantém as suas características originais após o termino da exposição, e o espaço interior aquele que surge a partir da minha intervenção. Como em um desenho valho-me de linhas e pontuações para construir estruturas permeáveis ao olhar. Com o auxilio de fios e lâminas de aço, construo caminhos ou perímetros que circundam lugares e assim, sucessivamente, um lugar induz ao outro em um sistema de troca com o espaço exterior e interior.  Procuro utilizar as peças de forma que valorizem o especifico frente ao todo. A partir deste processo vou percebendo o espaço que me circunda e por conseguinte deixando pelo caminho marcas, pequenos objetos que que marcam o especifico Certas características de lugares que surgem a partir do cruzamento das linhas.

            Após o término da exposição e a retirada da instalação permanece registrado na memória do computador, o gesto decodificado e planificado o que foi capturado do ato de desenhar diretamente no espaço. A memória (imagem) em sua forma bidimensional.

Montagem do trabalho